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Parto de gêmeos: é possível um parto humanizado esperando dois bebês?

Sei que a chegada de dois bebês traz muitas perguntas e, talvez, alguns receios.

Uma das maiores dúvidas que eu ouço no consultório é se ter gêmeos significa, automaticamente, uma cesariana. E eu, como mãe de gêmeos que teve um parto normal humanizado, posso te dizer: não é bem assim!  

Graças aos avanços na obstetrícia e a uma assistência humanizada, é totalmente possível planejar um parto que respeite o ritmo natural do nascimento dos seus bebês.

O parto humanizado, para mim, é sobre um cuidado centrado em você, respeitando o seu corpo e evitando intervenções desnecessárias.

Nesse modelo, você participa ativamente de cada decisão, e os procedimentos médicos são sempre baseados em evidências científicas e no bem-estar de você e dos seus bebês.  

A percepção de que a cesariana é a única via para partos gemelares é uma crença comum que muitas mulheres carregam, mas nem sempre precisa ser assim.

Vamos desvendar isso juntas? Tenho certeza que, ao final, muitas das suas dúvidas serão esclarecidas. Pronta para essa conversa? Então, boa leitura!  

É possível ter parto humanizado de gêmeos?

A resposta é um grande e sonoro SIM! Estar grávida de gêmeos não significa que você precise, obrigatoriamente, fazer uma cesárea.

A gestação gemelar por si só não é uma indicação automática para cirurgia. Com os critérios médicos certos e uma equipe experiente, o parto dos seus gêmeos pode, sim, acontecer por via normal e de forma segura.  

O que precisamos avaliar são as suas condições de gestação. Por exemplo, quando seus bebês estão bem posicionados e não há complicações, podemos planejar um parto normal gemelar dentro de um contexto humanizado para você.

O cenário mais favorável, e foi o meu caso, é quando cada bebê tem sua própria bolsa amniótica e, principalmente, quando o primeiro gêmeo está de cabeça para baixo.

Nessa situação, se a sua gestação transcorreu bem e estiver em torno de 37-38 semanas (ou um pouco antes, se eles compartilharem a placenta), o parto normal tende a ser a via preferencial.  

E aqui vai uma informação importante: a posição do segundo gêmeo não impede o parto vaginal!

Mesmo que ele não esteja de cabeça para baixo, é possível conduzir o nascimento com segurança se o obstetra tiver experiência em manobras específicas.

Além disso, é fundamental que você não tenha outras contraindicações médicas ao parto normal e que a maternidade escolhida por você disponha de suporte adequado.

Lembre-se: parto humanizado não significa ausência total de intervenções, mas sim utilizá-las apenas quando necessário.

Com um planejamento cuidadoso, muitos gêmeos podem nascer de parto normal e em um ambiente humanizado, assim como os meus nasceram.

Quais são os tipos de gêmeos?

Imagem tocando a mão de duas crianças pequenas com um adulto, simbolizando cuidado e amor familiar, com foco na delicadeza do momento.

Nem toda gravidez gemelar é igual, e entender os tipos de gêmeos ajuda a compreender as condutas no parto dos seus bebês. Vamos conhecer um pouquinho sobre cada um? Acompanhe a seguir!

Gêmeos dizigóticos (fraternos)

Os gêmeos dizigóticos ocorrem quando dois óvulos distintos são fecundados por dois espermatozóides diferentes, formando duas gestações simultâneas no útero.

Ou seja, cada gêmeo terá sua própria placenta e sua própria bolsa amniótica, configurando uma gestação gemelar dicoriônica e diamniótica.

Aqui, os bebês compartilham em média apenas 50% do material genético, podendo ser de sexos diferentes e apresentando semelhanças como quaisquer irmãos.

Por possuírem cada um seu “ambiente” dentro do útero, os gêmeos fraternos tendem a ter menos complicações de interação entre si durante a gestação.

No parto de gêmeos dizigóticos, as chances de um nascimento vaginal bem-sucedido costumam ser maiores quando o primeiro bebê está cefálico, já que cada um tem seu espaço e placenta próprios.  

Gêmeos monozigóticos (idênticos)

Já os gêmeos monozigóticos originam-se de um único óvulo fecundado que se divide em dois embriões.

Por isso, eles compartilham o mesmo material genético e geralmente são muito parecidos fisicamente, podendo até ter impressão digital semelhante.

Dependendo do momento em que o embrião se divide, os gêmeos idênticos podem compartilhar ou não a placenta e a bolsa amniótica.

O cenário mais comum é a gestação monocoriônica diamniótica, onde os dois bebês dividem uma mesma placenta, mas cada um fica em sua própria bolsa amniótica separada.  

Há também a situação mais rara de gêmeos monocoriônicos monoamnióticos, em que além da placenta única, os dois dividem a mesma bolsa amniótica.

No entanto, esta é uma situação de maior risco, pois há uma chance de os cordões umbilicais se entrelaçarem.

Por isso, em gestações monoamnióticas, um parto cesáreo programado por volta de 32 semanas é frequentemente recomendado para a segurança dos bebês.  

Compreender essas distinções biológicas permite que você faça perguntas mais informadas durante o seu pré-natal.

Saber o porquê de certas recomendações, como a necessidade de uma cesariana programada em casos específicos de gêmeos idênticos, ajuda a reduzir a ansiedade e a sentir-se mais no controle da sua jornada de parto.

Isso transforma a recepção passiva de informações em uma participação ativa no seu plano de cuidados, reforçando que um parto humanizado é também um parto informado e seguro.  

Como é feito o parto de gêmeos? 

Recém-nascidos gêmeos em pele de bebê, usando chapéus de plush branco com detalhes felpudos, embrulhados em panos brancos, sendo segurados por mãos adultas sobre fundo de tecido felpudo azul.

O parto normal dos seus gêmeos segue etapas semelhantes ao parto de um único bebê, mas com algumas particularidades importantes que exigem planejamento.

Quando tudo acontece dentro dos critérios de segurança, o nascimento pode ser conduzido de maneira tranquila.

Abaixo, vou te explicar como se dá o processo, etapa por etapa, para que você se sinta mais preparada.  

1. Início do trabalho de parto

Assim como em um parto de bebê único, você entrará em trabalho de parto com contrações ritmadas e progressivas, que promovem a dilatação do colo do útero.

Quando essa dilatação atinge 10 centímetros e seus bebês estão bem posicionados, inicia-se o período expulsivo.  

2. Nascimento do primeiro bebê

O primeiro bebê, que chamamos de bebê A, é o primeiro a nascer. Esse nascimento tende a ser bastante parecido com o de uma gestação única.

Você fará força durante as contrações, guiada pela equipe obstétrica, e o bebê será conduzido pelo canal vaginal.

Após o nascimento, o cordão umbilical é clampeado e cortado, e o recém-nascido é entregue ao pediatra ou neonatologista de plantão para avaliação.  

3. Aguardar o nascimento do segundo bebê

Diferentemente de um parto comum, a placenta do primeiro bebê não é retirada imediatamente

Ela permanece no útero para continuar fornecendo oxigênio e nutrientes ao segundo bebê. 

Após a saída do primeiro gêmeo, o útero sofre uma mudança abrupta de volume, o que pode fazer com que o segundo gêmeo mude de posição dentro do útero.

4. Avaliação e manobras para o segundo bebê

Se o segundo bebê (bebê B) permanecer de cabeça para baixo, o nascimento pode ocorrer de forma espontânea.

Caso ele esteja em apresentação pélvica ou transversal, o obstetra pode realizar manobras para ajudá-lo, como a versão interna, em que o médico introduz a mão no útero e ajuda a girar ou extrair o bebê pelos pés.

No entanto, essa técnica exige experiência e preparo, mas pode permitir um parto vaginal seguro para você e seus bebês.  

5. Monitoramento do segundo bebê

Durante todo o processo, o bem-estar do segundo gêmeo é constantemente monitorado, principalmente os batimentos cardíacos e a resposta às contrações.

Não há um tempo exato para o nascimento do segundo bebê. Ele pode nascer em poucos minutos, ou levar um pouco mais de tempo, até mais de meia hora.  

6. Nascimento e cuidados com o segundo bebê

Quando o segundo bebê nasce, o cordão umbilical é clampeado e cortado, e ele também é entregue ao pediatra ou neonatologista.

Apenas depois que os dois bebês nascerem é que a(s) placenta(s) são retiradas. Esse cuidado é essencial para evitar hemorragias e garantir a oxigenação do segundo bebê até o final.  

7. Participação da equipe médica

Por se tratar de uma gestação com dois bebês, o parto gemelar envolve uma equipe maior. Geralmente, isso inclui dois obstetras, dois pediatras ou neonatologistas, um anestesista e enfermeiras obstétricas.

Toda essa estrutura visa garantir a segurança de você e dos seus dois recém-nascidos em todas as etapas. 

Ao detalhar o processo do parto gemelar, especialmente as suas particularidades, o objetivo é desmistificar a experiência e aliviar a ansiedade que pode surgir do desconhecido.

Saber o que esperar, incluindo a possibilidade de manobras específicas para o segundo bebê, ajuda a construir confiança na equipe médica e na sua capacidade de lidar com a complexidade do parto de gêmeos.

A presença de uma equipe maior e especializada reforça a segurança, transformando a percepção de um evento potencialmente caótico em um processo bem gerenciado e cuidadosamente planejado.

Quanto tempo demora um parto de gêmeos?

Dois bebês dormindo juntos na cama, com uma expressão tranquila, aconchegados sob um cobertor branco com detalhes vermelhos, criando uma imagem de fofura e conexão.

A duração do trabalho de parto é sempre uma grande curiosidade, e na sua gestação de gêmeos, não é diferente, não é mesmo?

Aqui, porém, não há uma resposta exata. O tempo do seu parto gemelar pode variar bastante de caso para caso.  

Na sua gestação de gêmeos, o trabalho de parto pode durar algumas horas, até mais de um dia, dependendo de como o seu organismo reage e de como seus bebês se posicionam.

Ou seja, assim como em um parto de bebê único, você pode ter um parto de gêmeos mais rápido ou passar por um trabalho de parto mais prolongado.

Durante todo esse período, faremos um monitoramento frequente de você e dos seus bebês, para garantir que todos estejam bem.  

Quando pensamos especificamente no intervalo entre a saída do primeiro e do segundo gêmeo, geralmente ele é relativamente curto, em torno de 10 a 30 minutos.

Mas, como mencionei, não há um limite máximo rígido. O fundamental é observarmos a vitalidade do segundo bebê constantemente.

Em resumo, o tempo do seu parto de gêmeos pode variar bastante, podendo ser relativamente rápido, com algumas horas de trabalho de parto, ou se estender por um período mais longo.  

Cesariana é sempre necessária para gêmeos? Vamos conversar sobre Isso.

Essa é uma pergunta que eu ouço muito no consultório, e é um mito que precisamos desmistificar: estar grávida de gêmeos não significa que a cesariana é obrigatória para você.

De fato, por muito tempo a cesárea foi vista quase como a norma em gravidez gemelar, talvez pelo medo das complicações.

No entanto, hoje sabemos que a via de parto ideal deve ser avaliada caso a caso, pensando sempre no melhor para você e seus bebês.  

Aliás, muitos obstetras especializados em gestação gemelar defendem que o parto normal pode ser uma excelente opção sempre que as condições permitirem, pois traz benefícios importantes para a mãe e os bebês, além de evitar os riscos inerentes a uma cirurgia.

Ou seja, não existe uma “obrigatoriedade” de cesárea em caso de gêmeos. O que existe é a necessidade de avaliarmos cuidadosamente cada situação, juntos.  

A persistência do mito sobre a cesariana obrigatória para gêmeos geralmente se origina do medo e de práticas antigas.

Quais os casos no parto gemelar que a cesariana é sempre recomendada? 

Embora a gravidez de gêmeos não exija cesárea em todos os casos, existem, sim, situações específicas em que nós, médicos, sempre vamos indicar a cirurgia para garantir a segurança de você e dos seus bebês.

Entre os principais cenários em que a cesariana é recomendada (e em alguns casos, essencial) no parto de gêmeos, podemos citar:

  • Primeiro bebê não cefálico: quando o primeiro gêmeo está sentado ou transversal, o parto vaginal se torna arriscado, e a cesariana costuma ser indicada.
  • Gêmeos compartilhando a mesma bolsa amniótica: gestações monoamnióticas têm alto risco de enrolamento de cordão e exigem cesárea programada entre 32 e 34 semanas.
  • Gestação de trigêmeos (ou mais bebês): a complexidade e o risco de complicações tornam a cesárea eletiva a via preferencial nesses casos.
  • Complicações obstétricas específicas: situações como placenta prévia, sofrimento fetal agudo ou síndrome de transfusão feto-fetal exigem avaliação cuidadosa e geralmente indicam cesariana.
  • Peso muito baixo ou diferença grande de tamanho entre os gêmeos: prematuridade extrema ou grande discrepância de peso entre os gêmeos aumenta os riscos e pode indicar cesárea.

Em todas essas situações listadas, a cesariana é recomendada porque oferece menor risco comparativo diante da complicação presente. 

Ou seja, não é a gemelaridade em si, mas sim a circunstância clínica que exige o procedimento cirúrgico.

Fora desses casos, se tudo estiver bem, não há razão para descartar o parto normal.

O peso influência no parto gemelar?

Cena de uma família com dois bebês, ambos deitado em cima do colo dos pais, em ambiente doméstico, transmitindo amor e conexão familiar.

O peso dos seus bebês é, sim, um fator importante na definição da via de parto na sua gestação gemelar.

Nós, obstetras, sempre avaliamos as estimativas de peso dos gêmeos nas últimas semanas, pois tanto pesos extremos quanto uma grande diferença entre os dois podem interferir no planejamento do seu parto.  

Em geral, esperamos que cada bebê esteja com peso em torno de 1,5 kg a 3,5 kg no fim da gestação.

Bebês muito pequenos (peso abaixo de 1500g) podem ser mais vulneráveis a lesões durante um parto normal.

Por isso, quando os dois são extremamente prematuros e leves, a cesariana é frequentemente considerada a opção mais segura por muitos médicos.

Da mesma forma, bebês grandes demais também podem trazer desafios no parto vaginal.

Embora gêmeos raramente atinjam pesos muito altos, caso um dos seus fetos esteja estimado acima de 3,5 kg, isso acende um alerta.  

Agora, mais relevante que o peso isoladamente é a diferença de tamanho entre os seus gêmeos.

Se um dos seus gêmeos for significativamente maior que o outro, especialmente se o maior for o segundo, pode haver receio de que após o nascimento do primeiro (menor), o segundo bebê possa ter dificuldades para nascer.

Nessa situação, a cesariana é frequentemente considerada por alguns obstetras para evitar riscos.  

A discussão sobre o peso e a diferença de tamanho entre os bebês destaca a natureza dinâmica do acompanhamento da gestação gemelar.

Não se trata apenas de um diagnóstico inicial, mas de uma avaliação contínua do crescimento e desenvolvimento fetal.

É possível que um bebê nasça de parto normal e o outro de cesárea?

Essa pergunta reflete um medo muito comum que muitas de vocês, mães de gêmeos, me trazem: “E se eu entrar em trabalho de parto normal, nascer um dos bebês, mas o outro não conseguir nascer e tiver que ser cesárea? Vou ter que passar pelos dois tipos de parto?“.  

Embora seja uma situação possível, felizmente ela não é comum.

Com um planejamento adequado e uma boa condução do parto dos seus gêmeos, a grande maioria das mães que conseguem ter o primeiro bebê por via vaginal também consegue dar à luz o segundo da mesma forma.

Estudos indicam que a necessidade de converter para cesariana apenas para o segundo gêmeo após o primeiro nascer por parto normal é relativamente baixa, ocorrendo em cerca de 2% a 4% dos casos.

Ou seja, a grande maioria (mais de 95%!) dos partos gemelares que se iniciam via vaginal tendem a terminar com os dois bebês nascendo vaginalmente. Isso me dá muita tranquilidade, e espero que dê a você também!  

Conclusão: sua jornada única, meu cuidado e apoio

A chegada dos seus gêmeos é, sem dúvida, um momento único e desafiador, mas, como vimos, você não está fadada a um parto altamente medicalizado ou sem opções.

É totalmente possível ter um parto humanizado de gêmeos, desde que respeitemos os critérios de segurança.

Muitos fatores precisam ser considerados, como a posição dos seus bebês, o tipo de gemelaridade, os pesos, a idade gestacional e eventuais complicações.

Mas com um pré-natal bem feito e uma equipe obstétrica preparada, você pode, sim, vivenciar um parto gemelar normal, assim como eu vivenciei!  

Caso a cesariana seja necessária, por qualquer motivo, por favor, não a veja como um fracasso. Ela é parte do plano para garantir a saúde de você e dos seus bebês.

O mais importante é que você, mãe de gêmeos, esteja sempre informada, seja escutada em suas preferências e seja conduzida pelo caminho mais seguro, com toda a humanização que você merece.  

Lembre-se: cada gestação é única. Converse abertamente com seu médico, tire todas as suas dúvidas e planeje o parto de gêmeos ideal para você e seus bebês.

Se você está esperando gêmeos ou quer conversar sobre suas opções de parto, pode contar comigo. Estou aqui para te ouvir, informar e cuidar.

Gostou deste conteúdo? Para mais como este, acompanhe o blog da Dra. Marina Mariz!

Dra Marina Mariz
Ginecologista e Obstetra
Defensora do Parto Humanizado
Especialista em Gestação de Alto Risco
Co-fundadora da Amara | NÚCLEO DE OBSTETRÍCIA

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