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Relato de Parto – Escrito por Ludmyla Machado

Dia 26/04/2022 (terça-feira) – 40 Semanas e 2 dias de gestação: Nesse dia, fomos à consulta com a Dra Marina para combinarmos como seria a indução do parto no fim da semana caso eu não entrasse em TP espontaneamente, haja vista que nosso prazo máximo seria de 41 Semanas. Eu estava tranquila com nossas decisões, mas com fé de que não precisaria dessa indução. Já tinha até agendado algumas sessões de acupuntura para ajudar. No mesmo dia, ali pelas 19h fui para a academia do prédio, fiz 40 minutos de caminhada além de agachamentos com um pouco de peso e alguns exercícios de mobilidade. 

Dia 27/04/2022 (quarta-feira) – A noite anterior tinha sido ruim, fui várias vezes ao banheiro, ouvi barulhos estranhos na casa, enfim, dormi mal e me levantei as 7:30 já cansada. Diego foi comprar pão, tomamos café e estávamos sentados no sofá para ligar para os pais dele e combinar a vinda deles, baseada na data da indução, até então. 

Próximo às 10h, ainda no sofá, comecei a sentir umas cólicas leves. Já achei estranho porque pareciam ter um ritmo. As 10:33 enviei mensagem no grupo de Whatsapp da equipe informando que algo acontecia, que sentia cólicas que pareciam nós que apertavam e afrouxavam, razoavelmente dolorosas. Logo depois disso, fui ao banheiro e o tampão saiu. Mandei foto para a Nívea (enfermeira obstetra) que já estava perto de casa e disse que viria me avaliar. Às 12:30 ela chegou e eu já tinha 5cm de dilatação. 

As minhas músicas alegres tocavam sem parar porque eu disse que queria um parto animado e feliz. Nesse momento ainda conseguia dançar mas não duraria muito. Em poucos minutos a dor ficou muito frequente e o intervalo não passava de mais de 1 minuto. Diego resolvia os últimos detalhes do nosso plano (comidas, bebê conforto no carro, fechar e levar as malas, etc). Enquanto isso eu já começava ficar sem lugar. 

Quando a contração vinha, só me servia ficar debruçada sobre algum lugar, pia do banheiro, cama, sofá. Como havia feito exercício físico no dia anterior as pernas sentiram um pouco a posição. Com toda sua sensibilidade e força a Nívea me servia de apoio no que eu chamei de “cadeirinha” massageando forte minha lombar. A cada contração eu pedia: “Nívea, faz a cadeirinha porque lá vem de novo”. E assim foram várias e várias vezes. Enquanto isso a Nívea organizava tudo com o restante da equipe e a suíte do hospital era reservada.

Já eram 14:30 quando combinamos que às 15h faríamos nova avaliação, foi quando fiquei sabendo que a suíte somente seria liberada às 16:30. A Bella, minha doula, tinha acabado de chegar e mal acreditava que estava tudo tão adiantado. Fazendo uma conta rápida entendi que passaria por quase mais cinquenta contrações até esse horário (16:30). Definitivamente eu não aguentaria. Ficava pensando no trajeto até à maternidade, como eu iria fazer com as dores, enfim… 

Às 14:50 resolvemos avaliar e eu já estava com quase 8cm de dilatação. Decidimos então que era o momento de ir para a maternidade, independentemente de ter a suíte que eu tinha escolhido ou não. A Nívea me perguntava com que roupa eu iria e eu dizia que não queria mais a roupa que eu havia escolhido e que na verdade eu não queria roupa nenhuma. Ela sorrindo dizia: “mas pelada não dá pra ir”. Enquanto isso o Diego se encarregava de pegar tudo o que precisávamos para levar. 

Na porta de casa me lembrei de pegar as touquinhas e pães de mel de presente que tinha feito para a equipe e pedi ao Diego que pegasse bem assim: “Ah, esqueci de pegar os presentes, pega lá dentro da coisa do quarto”. Logicamente ele não sabia onde era a coisa e eu soltei, com muita delicadeza de uma parturiente no auge do delírio da partolândia: “Anda logo, você está atrasando tudo”. Tadinho, e ele com toda paciência conseguiu encontrar para então irmos. (aliás, ele foi impecável todo o tempo, atento e paciente com tudo).

Aí começou um dos momentos mais tensos. A cada 3 passos eu precisava parar para passar por uma contração. Dentro do carro, fiquei de joelhos no banco de trás agarrada no encosto de cabeça e pedi que a Nívea fosse comigo para me fazer massagem enquanto a Bella foi no banco da frente tentando me acalmar. No meio da viagem soube que a suíte estava liberada e eu agradeci a Deus por isso. Tenho certeza que a Dra Marina mexeu seus pauzinhos. Estava tudo dando certo.

Às 15:30 já estávamos na porta da maternidade. A Paula, fotógrafa, já nos esperava e eu me lembro vagamente do trajeto da portaria até o quarto. A Dra. Marina tinha acabado de chegar e estava resolvendo os assuntos burocráticos em relação ao quarto. Já no quarto fui para o chuveiro por insistência da Nívea, mas a ducha não aliviava quase nada. 

Saí e me sentei na banqueta e fiquei um tempo, já com os 10 cm dilatados, mas mal conseguia abrir os olhos de tanta dor. Não havia 1 segundo sem dor, ou era dor muito forte ou era “só” forte. 

Encheram a banheira e me sugeriram entrar. Eu não queria porque simplesmente tinha medo do movimento que teria que fazer para sair da banqueta para entrar na banheira. Mas me esforcei e fui por recomendação de todas elas.

Bem, aí foi que todas as minhas forças se acabaram. Debruçada na borda da banheira entendi que já não estava gostando mais de tudo aquilo e ficava repetindo que não queria mais sentir aquela dor. 

Bella fazia massagem nas minhas costas mas, ainda que inconscientemente eu entendia que não teria forças para fazer a Nina vir ao mundo na situação que eu estava. O que eu mais queria era poder comer e descansar por alguns minutos. 

A Nívea tentava me acalmar e pedia que eu não me desesperasse, que o processo estava na minha cabeça e que eu focasse no resultado que era o nascimento da minha menina. 

Porém, nenhuma palavra de incentivo me parecia fazer efeito naquele momento. Estava confusa entre o sentimento de saber que estava tão próximo e o quanto ainda faltava. 

Pedi analgesia (no meu plano de parto escrevi que deveria pedir pelo menos 2 vezes que era para poder ter a chance de me arrepender, se fosse o caso). Continuei a pedir porque realmente o meu parto lindo e alegre, que eu sonhei tanto, já não estava mais acontecendo. 

O anestesista chegou feliz e sorridente narrando tudo que iria acontecer e eu só queria que ele ficasse calado e aplicasse logo aquele remédio. Após a aplicação a vida ficou linda e eu ficava repetindo: “nossa que vida boa, agora ficou bom demais”. 

Tudo ficou feliz de novo. Pude descansar alguns minutos, comi abacaxi que a Bella carinhosamente me deu na boca, coxinha e pão de mel. Estava revigorada. Fui então me maquiar para sair linda nas fotos. Desci da cama meio cambeta e a Bella segurava meu quadril que puxava um pouco para a direita por conta a anestesia e fazia a gente rir. Ali era eu. 

Coloquei minha playlist animada e começamos a dançar e fazer exercícios até os puxos aparecerem. Nívea me contou que era professora de dança do ventre, eu achei o máximo e então dançamos bastante. Foi tão legal! Aquele momento foi bem como eu tinha imaginado. 

Entre um funk e uma rebolada a vontade de fazer força foi aparecendo. Dra. Marina, com aquela carinha de anjo, me chamou para sentar na banqueta. 

Diego se posicionou sentado atrás de mim, que foi ótimo para sustentar a força que tinha que fazer, e as meninas se sentaram no chão, na minha frente. 

Dra. Marina com sua lanterninha e sua calma ficava de olho no que acontecia ali embaixo enquanto a Nívea checava os batimentos cardíacos da Nina e a Bella, firme, do meu lado, me apoiando com palavras de incentivo. 

Os puxos estavam ficando cada vez mais fortes e eu só lembrava da Maísa, minha fisioterapeuta pélvica, que me ensinou como eu deveria respirar para relaxar os músculos que fariam o trabalho de expulsar minha bebê. Até então a bolsa não tinha se rompido e a Dra Marina me pediu que eu me tocasse para senti-la e estourasse eu mesma. 

Coloquei a mão mas não consegui, então ela a estourou. Acho que com mais uns três puxos longos comecei a sentir o famigerado círculo de fogo, que é quando o bebê começa a coroar. 

Aquilo queimava muito e senti vontade de puxar tudo para dentro de novo. E mais uma vez lembrei da Maísa me dizendo exatamente isso e foquei no que treinamos na fisioterapia. 

Tentei respirar fundo pela barriga e relaxar o períneo enquanto fazia uma força de empurrar. No próximo puxo senti que a cabecinha havia saído e perguntei: “Já saiu?” e a dra. Marina disse que ainda não porque eu não podia perder a concentração para que o corpinho pudesse sair. 

Foi então que no puxo seguinte, longo, com um grande grito, puxando as mãos da Nívea com muita força, senti minha pituca sair de dentro de mim. Que loucura! Que sensação maravilhosa pegar aquele ser todo lambrecado nos braços, chorando com tanto vigor. 

Como pedi no plano de parto, eu mesma a limpei e coloquei a touquinha que eu tinha preparado com tanto amor e expectativa. 

Diego cortou o cordão depois que ele parou de pulsar. Ela tinha muitos cabelinhos e só me lembro de achá-la a coisa mais linda desse mundo. 

Ali no meu colo ficou por quase 2h, mamou e ficou me olhando com aqueles olhinhos cansados como quem quisesse dizer: “deu tudo certo, mamãe. Foi do jeitinho que você queria”. Eu encantada, obcecada e apaixonada só queria ficar ali com ela, pra sempre!

 

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