Neste texto de hoje, vamos falar de uma das doenças que mais preocupam as gestantes: a Trombofilia.
A Trombofilia é uma condição de hipercoagulabilidade sanguínea, que é como se o sangue se tornasse mais espesso, mais grosso.
Esse é um dos maiores desafios para mulheres grávidas, pois a trombofilia na gravidez pode impossibilitar o desenvolvimento saudável da gestação e configura uma gestação de alto risco.
A Trombofilia é uma condição adquirida ou congênita que predispõe as mulheres a terem Trombose.
Este é um tema delicado, porém, de suma importância para a manutenção de uma gestação saudável e sem complicações.
Portanto, se você está grávida ou possui algum histórico e deseja engravidar, fique aqui comigo e entenda sobre a trombofilia na gestação.
O que é trombofilia?
Sabemos que, na gestação, existe uma predisposição maior para a coagulação no sangue (em torno de 0,1%) e isso ocorre pois o organismo da mulher está se preparando para o sangramento que ocorrerá durante o parto, evitando assim que ela perca muito sangue.
Trombofilia é o termo empregado para situações em que existe aumento do risco de formação de trombos, que são coágulos no interior dos vasos sanguíneos.
As trombofilias são classificadas em adquiridas e hereditárias. Sendo as adquiridas provocadas por condições que aumentam o risco de formação de trombos, mas que não estão diretamente relacionadas ao funcionamento de enzimas envolvidas no sistema de coagulação.
A síndrome antifosfolípide é um exemplo de trombofilia adquirida e consiste na produção de autoanticorpos que promovem alterações nas paredes dos vasos sanguíneos, ativando de forma excessiva os fatores de coagulação.
Nestes casos, existem alguns fatores que podem desencadear a trombofilia, por exemplo:
- excesso de peso;
- doenças oncológicas;
- terapias de reposição hormonal;
- uso prolongado de anticoncepcionais orais.
Já a trombofilia hereditária é quando a pessoa nasce com predisposição para o surgimento de trombos.
Isto ocorre por alterações genéticas que modificam a função de fatores de coagulação, fazendo com que o sangue tenha maior tendência a coagular, originando os trombos.
Nestes casos, analisa-se o histórico pessoal e familiar da mulher. Caso ela tenha tido episódios de trombose, há grandes chances de que isso ocorra também durante a gestação.
Caso algum familiar mais próximos (pai, mãe, avós e irmãos) tenham histórico de infarto, AVC ou morte súbita antes dos 50 anos, também vale investigar se há relação com a trombofilia.
Toda mulher que tem Trombofilia terá Trombose?
A Trombose pode ser entendida como uma condição em que há a formação de um trombo, um coágulo dentro do vaso sanguíneo, em qualquer parte do corpo. Isso leva à obstrução do vaso e ao impedimento da passagem do sangue, causando dor intensa e inchaço.
A trombofilia predispõe as mulheres a terem Trombose, o que não quer dizer que toda mulher que tem Trombofilia terá trombose.
Na gravidez essa predisposição de ter Trombose existe pelas alterações e adaptações da própria gestação.
No entanto, é importante saber que gestantes com Trombofilia aumentam ainda mais esse risco.
Portanto, saiba que a Trombose é coisa séria e precisa de tratamento precoce e adequado.
Principais sintomas de Trombose
Não existem sintomas de trombofilia, pois ela é apenas uma tendência do sangue coagular e obstruir vasos sanguíneos.
Tanto que somente fazemos exames de rastreamento dessa condição em pacientes com histórico familiar ou pessoal, com abortamentos de repetição (mais de três consecutivos) ou desfechos gestacionais desfavoráveis.
Os sintomas surgem somente quando ocorrem os casos de trombose.
Existem alguns sintomas que podem nos indicar a possibilidade de trombose, sendo alguns deles:
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1. Dor repentina em uma das pernas que piora ao longo do tempo.
2. Inchaço em uma das pernas, que vai aumentando.
3. Vermelhidão intensa na perna afetada.
4. Sensação de calor ao tocar na perna inchada.
5. Dor ao tocar na perna.
6. Pele da perna mais dura que o normal.
7. Veias dilatadas e mais facilmente visíveis na perna.
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Caso você esteja com algum desses sintomas, procure seu(ua) médico(a) obstetra o quanto antes para uma avaliação completa, pois, existem vários tipos de trombose e cada uma requer um tratamento específico.
Trombofilia é indicação de cesariana?
Na gestação existe uma predisposição maior para a coagulação no sangue (em torno de 0,1%). Nas pacientes que já tiveram a doença, a predisposição é ainda maior (de 0,5% a 1,2%).
Neste casos, é comum ouvirmos que pacientes com trombofilia precisam realizar cesarianas, pois não é possível ter um parto normal.
Mas, ao contrário do que o senso comum diz, essa não é uma condição que impede o parto normal.
Pelo contrário, o parto normal/natural é ainda mais indicado nesses casos, pois a cesárea para grávida com trombofilia é um procedimento cirúrgico e, como tal, há um risco aumentado de trombose após uma cirurgia.
Eu mesma já realizei vários partos normais de pacientes com Trombofilia e ocorreu tudo bem!
No entanto, é importante ter em mente que mesmo a cesárea para grávida com trombofilia apresentando mais riscos, cada caso é um caso e deve ser avaliado individualmente.
Prevenção e Recomendações
Com medidas preventivas, de modo geral, para as minhas pacientes, eu sempre indico que:
- Estejam com os exames em dia;
- Exercitem seu corpo, conforme orientações médicas, para auxiliar na circulação do sangue;
- Usem meia elástica em viagens maiores que duas horas (carro, ônibus ou avião).
Para casos de confirmação da trombofilia, o tratamento é feito com o uso de medicamentos indicados para diminuir o risco de formação de trombos, chamados de anticoagulantes.
Em resumo, é fundamental que as pacientes diagnosticadas ou com histórico familiar de trombofilia, que estejam grávidas ou desejem engravidar, sejam acompanhadas por um profissional especializado durante o pré-natal e sigam à risca o tratamento recomendado.
Somente assim, será possível ter uma gestação tranquila e livre de complicações.
Conclusão
Na gestação as mulheres passam por muitas mudanças, sejam emocionais ou físicas, que marcam esse período com descobertas e sensações únicas e maravilhosas na vida de cada uma.
Este é também um momento carregado de alterações em todo o corpo que podem vir carregadas de desconfortos e até mesmo com o aparecimento de doenças e condições desconhecidas antes da gestação, como é o caso da trombofilia.
A trombofilia é uma condição genética ou adquirida, caracterizada pela circulação reduzida do sangue, podendo levar a paciente à trombose.
Essa é uma doença que pode colocar em risco a vida do bebê e da gestante e ainda afetar a saúde reprodutiva da mulher.
Por esse motivo, é fundamental que o diagnóstico seja precoce e que haja acompanhamento médico constante.
É muito importante, durante toda a gestação, manter seu(sua) médico(a) sempre ciente de tudo o que se passa com você nesse período.
Portanto, caso você queira ter a sua gestação acompanhada por mim, saiba que será um prazer estar ao seu lado nesse momento especial.
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Dra Marina Mariz
Ginecologista e Obstetra
Defensora do Parto Humanizado
Especialista em Gestação de Alto Risco
Uma das Fundadoras da Casa Perinatal
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