Garantir um ambiente seguro e estável para o desenvolvimento do bebê é uma das maiores prioridades durante a gravidez. Em certas situações, a natureza pode precisar de uma pequena ajuda médica para garantir essa estabilidade. Um desses auxílios é a cerclagem, um procedimento que, embora possa não ser amplamente conhecido, é vital para muitas gestantes. Neste guia, apresento os detalhes da cerclagem, desvendando sua importância e o que ela significa para a saúde materna e fetal.
O que é Cerclagem?
A cerclagem é um procedimento cirúrgico que tem como objetivo prevenir ou tratar o parto prematuro causado pela insuficiência istmo-cervical. Em termos mais simples, é quando o colo do útero — a parte inferior do útero que se abre para a vagina — apresenta um enfraquecimento e começa a se dilatar e encurtar muito cedo na gravidez, antes que o bebê esteja pronto para nascer.
Nesses casos, para evitar um parto prematuro ou a perda do bebê, um médico pode sugerir a cerclagem. Durante o procedimento, o colo do útero é suturado, ou ‘amarrado’, para mantê-lo fechado.
Por que a Cerclagem pode ser Necessária?
A cerclagem é recomendada para mulheres que têm um histórico de partos prematuros ou que, durante a gestação atual, mostram sinais de dilatação precoce do colo do útero sem apresentar contrações. Algumas situações que podem levar à necessidade de cerclagem incluem:
- Histórico de cirurgias cervicais.
- Lesões traumáticas no colo do útero.
- Anormalidades congênitas do útero.
Sinais de Insuficiência Istmo-Cervical
A insuficiência istmo-cervical é um pouco insidiosa porque, muitas vezes, não apresenta sintomas óbvios até que o colo do útero comece a abrir. No entanto, conforme a condição progride, alguns sinais e sintomas podem se manifestar, incluindo:
- Secreção vaginal aumentada: Pode haver um aumento na quantidade de secreção vaginal.
- Pressão pélvica: Algumas mulheres podem sentir uma pressão ou peso crescentes na pelve.
- Sangramento vaginal: Pode ocorrer um leve sangramento vaginal.
- Dor nas costas: Uma dor surda e persistente pode ser sentida na região lombar.
- Contrações: Pode haver um início súbito de contrações, embora muitas vezes a dilatação cervical ocorra sem contrações perceptíveis.
O Procedimento da Cerclagem
A cerclagem é geralmente realizada entre a 12ª e a 14ª semana de gestação e é removida por volta da 37ª semana, ou mais cedo se a mãe começa a entrar em trabalho de parto.
Existem diferentes técnicas de cerclagem, sendo a mais comum a cerclagem de McDonald, onde um ponto é colocado ao redor do colo do útero e depois amarrado para mantê-lo fechado.
A cerclagem é realizada sob anestesia, que pode ser geral, regional ou local. O procedimento em si leva cerca de 30 minutos. Após a cerclagem, a mãe pode precisar permanecer no hospital por pelo menos um dia para monitoramento.
Riscos e Cuidados após a Cerclagem
Como qualquer procedimento cirúrgico, a cerclagem tem seus riscos, que incluem infecção, sangramento, rompimento prematuro das membranas, entre outros. No entanto, é importante notar que, na maioria dos casos, os benefícios da cerclagem superam os riscos, especialmente quando há uma alta probabilidade de parto prematuro.
Após a cerclagem, alguns cuidados são recomendados:
- Evitar levantar objetos pesados.
- Repouso relativo, evitando esforços excessivos.
- Evitar relações sexuais por um período determinado pelo médico.
- Monitorar sinais de infecção ou qualquer outra complicação.
Tipo de Parto Indicado Após a Cerclagem
Após a realização da cerclagem, muitas gestantes têm dúvidas sobre o tipo de parto mais adequado. Em geral, recomendo uma avaliação individualizada de cada caso. No entanto, frequentemente, a cesárea é sugerida como a opção mais segura, contudo nem sempre ela é indicada. Isto depende de cada caso, há possibilidades sim da mulher ter um parto normal, tudo precisa ser avaliado criteriosamente e discutido entre o obstetra e a paciente para que assim a melhor decisão seja tomada.
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Conclusão
A cerclagem é um procedimento vital que pode fazer a diferença entre uma gravidez bem-sucedida e complicações graves. No entanto, é essencial estar bem informada e discutir todos os potenciais riscos e benefícios com um profissional de saúde. A informação é a chave para tomar decisões conscientes e garantir o bem-estar de mãe e bebê durante a gestação. Afinal, informação é poder! Que tal se informar e ter uma gestação leve e empoderada? Conheça meu ebook!
Dra Marina Mariz
Ginecologista e Obstetra
Defensora do Parto Humanizado
Especialista em Gestação de Alto Risco
Uma das Fundadoras da Casa Perinatal
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